11/12/2007 02:19 - Editorial
Mais uma vez a história vai se repetir, pelo andar da carruagem, punição mesmo só para o acadêmico que perdeu a vida com um tiro no coração após uma discussão banal, ou talvez, nem mesmo a discussão tenha havido, é o que relata umas das testemunhas que acompanhou todo o desenrolar dos fatos, segundo a qual, a vítima Vinícius Duarte de Oliveira sequer havia discutido com o assassino Fábio Pisoni até aquele momento fatídico.
Segundo relato da testemunha Pablo Henrique Brito Silva, chega-se à conclusão, que o ocorrido na verdade, foi uma emboscada covarde, urdida na madrugada de Gurupi. O assassino tal qual os facínoras do velho oeste, depois de estacionar sua montaria (veículo), se posicionou no meio da rua e começou a disparar em direção ao carro da vítima que vinha por aquele caminho. Para evadir-se a vítima tinha como alternativa naquele momento apenas acelerar e ir em frente. Resultado, um ferido de raspão e uma bala no coração de Vinícios.
Pouco mais de 12 horas depois do assassinato covarde, o bandido aparece na delegacia de polícia da cidade de Gurupi para uma visita de cortesia e para relatar as ameaças à sua vida, praticadas pelo morto. É cômico se não fosse trágico, é tapa na cara da sociedade que tem pudor. Tudo, claro, já devidamente armado. Sendo filho de um comerciante bem situado da cidade, a "autoridade" policial declara que o assassino não está em situação de flagrante. E flagrante se torna a falta de compostura ética e moral da delegada que atendeu o caso.
O criminoso tinha que ter sido preso como qualquer outro e não venham com esta de acusado, pois os fatos e testemunhos são contundentes, o ato foi unilateral, foram feitos disparos pelo assassino contra um veículo onde se encontravam seis estudantes de agronomia amontoados sem ter como se desvencilhar.
A atitude da autoridade policial que atendeu a apresentação do criminoso mostra a forma desigual como a lei é aplicada no Brasil e principalmente no Tocantins. Se fosse um ladrão de galinha com certeza a polícia estava em seu encalço empreendendo perseguição para o flagrante desde o primeiro momento. Mas, no Brasil, a vida humana tem pouco valor quando não se faz parte da elite putrefata, vale-se pelo que se tem.
Quem não se lembra do caso do juiz de Sobral - CE, Pecy Barbosa, que num rompante, por não ter um capricho atendido, entra no supermercado e diante das câmeras executa o vigia José Renato Coelho Rodrigues com um tiro na nuca, covardemente e sem direito à defesa? Ele conseguiu sua aposentadoria vitalícia e efetivamente não está preso, uma vez que aguarda decisão judicial hospedado no Corpo de Bombeiros da cidade.
É premente que a justiça se faça cumprir e que o assassino que agora está foragido seja preso preventivamente, julgado e condenado por assassinato por motivo fútil. É preciso que se dê o exemplo. Como se pode querer que a violência das classes menos favorecidas cesse, se quem tem tudo e é filho de papaizinho anda fazendo atrocidades, espancando, queimando e matando?
Na semana em que foi divulgada a pesquisa do IBGE indicando a alta incidência de mortes violentas entre jovens e do sexo masculino, a vida do universitário Vinícios Duarte de Oliveira entrou para as estatísticas. Mas é preciso olhar com mais atenção esta questão também por outros ângulos e se fazer um estudo psicossocial sobre a situação que está levando os jovens a terem um comportamento tão agressivo.
Acreditamos que por trás dos elevados índices se encontram além das drogas como o álcool, que mata com salvo conduto (brigas, trânsito, etc.), a formação machista que cria os famosos “pitboys”, além é claro da pressão social que vem sendo exercida sobre a faixa etária mais jovem.
EDITORIAL CONEXÃO TOCANTINS
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